Bom dia!

Ei, pessoal, este espaço vai ser usado para mantê-los em dia com eventos culturais existentes na nossa cidade e também para passar a resolução de alguns exercícios.
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domingo, 23 de maio de 2010

PENSAMENTOS



Bom dia!
Hoje acordei meio virado e quando fico assim começo a viajar nos pensamentos. Não sei o porquê disso, mas sem mais nem menos me ponho a desenvolver uma idéia.
Hoje me dei conta que a memória não é o que sempre pensei que fosse e que as pessoas, em geral, pensam que é.
Achamos que memória é a faculdade que nos permite lembrar de fatos do passado; ter memória é ser capaz de evocar o que já ocorreu e se foi. Mas percebi que não é só isso: a memória é constitutiva do presente, é parte dele.
Não estou dizendo que nós, de certo modo, somos também nosso passado, que o agora é feito do que houve antes. Quem sabe mas, de qualquer modo não é isso que estou pensando.
Estou tentando dizer que só consigo abrir o meu portão porque me lembro como se faz para abri-lo, me lembro qual é a chave e, o que devo fazer para entrar em casa; só escrevo aqui porque me lembro o que significa a palavra "lembro", a letra "A", "B", enfim, a gente faz e raciocina porque lembra. Certamante, cientistas e filósofos já sabem disso, já falaram disso. Não pretendo assim ter descoberto a pólvora mas, como já disse, hoje acordei descobrindo o que já sabia, mas esqueci ou não lhe dei a devida importância.
Estou surpreendido com o óbvio e, ao fazê-lo, ficou surpreendente, pelo menos para mim. Assim é que estou maravilhado com a minha descoberta de que a memória é parte do presente que vivo e não apenas do passado que vivi.
E aí começaram a fluir os pensamentos, tais como, que diferença há entre a memória que nos traz o passado distante e a que, sem nos darmos conta, nos permite abrir o portão.
Temos, em nós, um depósito de memórias afetivas, guardadas em nosso esquecimento, porque não queremos reviver a dor que nos causaram ou o que é uma placa sensível que tudo registra e exibe quando situações determinam?
Seria o caso do biscoito champanhe que Proust mastigou após molhá-lo no chá, apenas uma modalidade de lembrança que não se diferencia essencialmente desta lembrança banal que nos faz saber que a palavra memória começa com "M"?
Nesta descoberta da memória como sendo outra coisa qua a preservação do passado, teríamos o que então?
Olhe, no instante mesmo em que corto o bife no prato, faço-o porque me lembro de como se corta o bife, usando garfo e faca, algo que, aos dois anos de idade, não conseguia fazer, porque ainda não aprendera a usar talher.
E o que é o aprendizado, senão memória? E essa memória está de certa forma inserida no presente, que é parte constitutiva dele: fazer é lembrar como fazer, sem se dar conta de que se lembra. E mais: a memória não apenas nos permite fazer por já sabermos como nos ajuda a descobrir novos modos de fazer, corrigindo o sabido, e assim constrói o futuro.
Suponhamos que vou escrever um texto que, porque ainda não o escrevi, não sei como será: estou entregue ao jogo do acaso e da necessidade. O tema é o sorriso da moça que vi na rua, há pouco, mas o texto por fazer é futuro, futuro que, sem o sorriso lembrado, jamais seria inventado.
É aí que viajo nos pensamentos, ao constatar que a memória nos ajuda a inventar a vida, a guardar o passado, que, aumenta a cada segundo.
A vida é também lembrar sem se dar conta disso.
Então há mais que um tipo de memória: aquela do biscoito proustiano, em que lembro consciente de que lembro e que, ao contrário daquela outra memória, ocupa o presente e o torna apenas lembrança e outro - ou outros - que, em vez de negá-lo, o constitui: ao cortar o bife estou inteiro neste ato presente, sou inteiramente atual, como a memória que está a serviço dele e é ele.
Se é impossível pensar sem nada saber, é que só é possível pensar graças à memória. Mas pensar é quase sempre inventar o que se pensa.
Por exemplo, foi por saber o que era memória que percebi que ela era mais do que eu sabia dela. Assim, a descobri como constitutiva do presente, donde se conclui que eu só posso superar o que já sei e não o que ainda não sei, que, por sabê-lo, não é memória, mas se tornará assim que o conheça.
A memória me permite inventar o futuro de que me lembrarei, como passado, futuramente.
Entendeu? Se não, releia o texto pacientemente, pois é possível que consiga...É o que vou fazer agora.









Um comentário:

  1. "Entendeu? Se não, releia o texto pacientemente, pois é possível que consiga...É o que vou fazer agora.
    "
    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    chicão c eh foda UAHSHUSAHUSAHSAHUUHSAHUSAHUA
    Belini ;P

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